segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Cientistas usam droga adaptada para tratar leishmaniose visceral
Um fármaco empregado na clínica veterinária para tratar determinadas parasitoses demonstrou alta eficácia para o tratamento de leishmaniose visceral em modelos animais, de acordo com um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. O trabalho mostrou que a buparvaquona teve eficácia semelhante à do medicamento padrão utilizado contra a leishmaniose, mas com dose 150 vezes menor.
De acordo com o coordenador da pesquisa, André Gustavo Tempone, do Instituto Adolfo Lutz, já se sabia que a buparvaquona é um dos fármacos mais ativos contra a leishmania no modelo in vitro, mas sua ação nunca havia sido reportada em modelos in vivo.
“Há grande expectativa de que esses resultados levem a futuros testes em humanos, pois o medicamento já se mostrava muito eficaz em testes in vitro. Só que em modelos animais sua ação era muito limitada, pois havia um gargalo: a droga não chegava ao fígado e ao baço do animal, que é onde ocorre a infecção pela leishmania”, disse Tempone,
Para driblar o gargalo, os pesquisadores utilizaram lipossomas – vesículas esféricas utilizadas para dirigir o fármaco de forma controlada com maior precisão à célula infectada. “Com o carreador lipossomal, conseguimos pela primeira vez demonstrar que é possível utilizar o medicamento para tratar a leishmaniose visceral”, destacou.
Segundo Tempone, o novo trabalho é especialmente importante por se tratar de um estudo de adaptação de fármacos já existentes.
A buparvaquona, segundo ele, é uma droga de uso clínico veterinário empregada contra uma parasitose, principalmente na Europa. Sua atividade anti-leishmania foi revelada pela primeira vez em um estudo publicado em 1992.
No entanto, os testes na ocasião foram feitos com a leishmaniose visceral provocada pela Leishmania donovani – o parasita predominante em países como a Índia. No Brasil, predomina a Leishmania chagasi.
“Essa droga foi perseguida por muitos anos pelo pessoal da área de parasitologia, que a tentava fazer funcionar, pois ela mostrava alta eficiência in vitro. O ineditismo da nossa contribuição consistiu em fazer a droga funcionar em modelos animais com a ajuda dos lipossomas”, contou Tempone.
Agência Fapesp
Jornal do Brasil
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