quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

MS - Veterinários publicam carta com plano de combate à leishmaniose


Os veterinários também criticam o sacrifício de cães, considerando que desde 1990 a OMS publica que na maior parte dos países, a eutanásia dos cães domésticos infectados se reserva, cada vez mais, para casos especiais
O CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) de Mato Grosso do Sul, publicou uma carta como resultado do “I Simpósio Sul-Mato-Grossense de Leishmaniose”, tornando público o que é defendido pela categoria como forma de combater o problema.
Um dos principais pontos levantados é a necessidade de investir em educação “Faz-se necessário o desenvolvimento de um programa de educação ambiental de controle da LV focado no vetor, já que ele, ao longo dos últimos anos, se adaptou bem ao ambiente urbano, é de fácil procriação e pode se deslocar a grandes distâncias levado pelas correntes de ar, sendo, portanto, o principal responsável pela expansão da doença, infectando os animais e o homem”.
O documento, resultado do simpósio que reuniu 150 profissionais (médicos veterinários, médicos e advogados, e também acadêmicos), citou Mato Grosso do Sul como um dos 10 estados brasileiros mais acometidos pela leishmaniose no País e Campo Grande, a capital que ficou em 3º lugar, em relação ao número de casos no país.
A categoria destaca pontos polêmicos, como a eficacia de algumas medidas. “Em face da atual portaria que proíbe o tratamento dos cães com medicamentos destinados a humanos ou sem registro e licença no MAPA, das evidências científicas apresentadas nos documentos oficiais dos órgãos internacionais citados sobre a ineficácia da eliminação canina e da forte comoção pública decorrente dessa eliminação, que as autoridades sejam instadas a rever a atual política pública de controle da leishmaniose visceral.”
Em resposta à preocupação dos veterinários, que querem a parceria de outros profissionais, conforme a carta, a partir de 2011, deverão ser feitos convites a outras entidades de classes para integrar a constituição da Comissão de Leishmaniose do CRMV/MS. O documento prevê que o convite também se estenda aos promotores Públicos do Meio Ambiente e da Saúde.
A leishmaniose visceral (LV), forma mais agressiva das leishmanioses, leva o ser humano à morte e é considerada uma das sete endemias mundiais prioritárias pela OMS (Organização Mundial da Saúde), destaca o documento.
Os veterinários também criticam o sacrifício de cães, considerando que desde 1990 a OMS publica que na maior parte dos países, a eutanásia dos cães domésticos infectados se reserva, cada vez mais, para casos especiais.
“São trabalhos que demonstram que a eutanásia canina, como forma prioritária de controle da LVC, não é uma prática cuja eficácia seja cientificamente evidenciada”, avalia o conselho.
O agravante, alega, é que há evidências científicas de que gatos e gambás, animais urbanos, têm a infeção e por isso podem se constituir em reservatórios do protozoário.
“A rotina das estratégias de controle contra o reservatório canino e os insetos vetores são baseadas em fracas e conflitantes evidências. As estratégias de controle e desenvolvimento de vacinas deveriam se constituir em prioridades nas pesquisas”, ressalta a categoria. “Deve-se levantar e defender a discussão ética em relação ao sacrifício de animais com resultados falso-positivos”, defende.
A proposta é de estratégia de controle, ações integradas com o diagnóstico e o tratamento precoce dos casos humanos; redução da população de flebotomíneos (vetor) com aplicação de inseticidas e correto manejo ambiental; controle de reservatórios domésticos infectados em área de transmissão e atividades de educação em saúde.
Outra observação é o encoleiramento, que chegou a ser suspenso pelo CCZ em Campo Grande. A utilização das coleiras repelentes e a aplicação das vacinas nos cães são consideradas estratégias importantes no controle da LV e que, independentemente de serem adotadas pelo serviço público de saúde, devem ter seu uso amplamente propagado para minimizar aos efeitos deletérios da disseminação da doença”.
Os veterinários também sugerem maior aproximação com os médicos que atuam no combate a doença. A distância entre esses profissionais gera “entendimentos controversos sobre os procedimentos a serem adotados e sobre as orientações a serem fornecidas à sociedade, causando dúvidas e incertezas a todos”, esclarece a Carta de Campo Grande.
As do simpósio foram encaminhadas as autoridades competentes nas esferas federal, estadual e municipal e nos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Saúde confirma 7 novos casos de Leishmaniose Visceral Canina

Doença pode afetar o homem e levar à morte se não tratada

17/12/2010 - 14:04


A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou nesta sexta-feira (17) sete novos casos de Leishmaniose Visceral Canina (LV) em um bairro entre os distritos de Sousas e Joaquim Egídio, na região Leste da cidade.

Com as novas ocorrências, Campinas registra dez casos positivos desde o final de 2009. Para agravar ainda mais a situação, todos os casos são de animais infectados na cidade. Os três primeiros cães infectados apresentaram sinais da doença e morreram. Este é o primeiro caso de foco autóctone de Leishmaniose Visceral Canina registrado na cidade.
CuidadosA Leishmaniose Visceral é uma zoonose que pode afetar o homem. Duzentas pessoas morrem por ano no Brasil. Ela é transmitida pelo mosquito Lutzomyia longipalpis, popularmente conhecido como “mosquito palha” ou “birigui”. Segundo os médicos, o mosquito pica o animal infectado e ao picar o homem transmite a doença. A Leishmaniose acomete vísceras, como o fígado e o baço. Também pode ocasionar aumento de volume abdominal e levar o homem à morte, caso não seja tratada. Os sintomas em humanos são; febre e aumento do volume do fígado e baço, emagrecimento, complicações cardíacas e circulatórias, desânimo, prostração, apatia e palidez. Pode ocorrer tosse, diarréia, respiração acelerada, hemorragias e sinais de infecções associadas.
CondomínioMoradores do condomínio onde os novos casos foram registrados foram informados na quarta-feira (15) sobre a situação. Foi solicitado que eles informem sobre animais com sintomas sugestivos ou que venham a morrer na comunidade. A cada seis meses vem sendo feito inquérito sorológico em cães do condomínio. Também tem sido feita a eliminação dos cães reagentes. Equipes da Vigilância em Saúde e do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) estão desde o final de 2009 intensificando ações para investigar e frear os casos da doença.
A Saúde também alerta sobre a possibilidade da doença se alastrar para outros pontos da cidade. “Vamos promover levantamento entomológico em outras áreas do município e capacitar equipes médicas ”, disse a enfermeira sanitarista Maria Filomena Gouveia Vilela. 
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Surto de leishmaniose canina mobiliza equipes da saúde

Doença transmitida por mosquito pode também afetar humanos


18/12/2010 - 14:30
A Secretaria de Saúde de Campinas mobilizou equipes do Centro de Controle de Zoonoses, da Vigilância em Saúde Leste e do Centro de Saúde local para investigação e acompanhamento do foco de leishmaniose visceral canina (LV) na região leste da cidade, após a confirmação, na sexta-feira (17) de sete casos da doença em animais que vivem em um bairro entre Sousas e Joaquim Egídio.
A LV pode afetar o homem. O mosquito pica o animal infectado e, ao picar o homem transmite a doença, que afeta vísceras como o fígado e o baço, podendo ocasionar aumento de volume abdominal. Em humanos, a LV tem tratamento, mas pode levar à morte se não tratada.

Todos os casos, incluindo os sete novos confirmados na sexta-feira, foram registrados em um mesmo bairro. O primeiro caso foi confirmado no final de 2009 e dois no início de 2010. 

Medidas
O trabalho conta com a parceria da Secretaria de Estado da Saúde. Além de análise sorológica em cães, que são realizados a cada seis meses, as ações incluem para identificação da presença do vetor (transmissor) da LV, o mosquito Lutzomyia longipalpis; diagnóstico ambiental; atividades de educação, informação e mobilização social; e coleta de material de animais silvestres do entorno da área em investigação.
Segundo o CCZ de Campinas, já foi identificado no bairro o mosquito transmissor infectado pela Leishmania chagasi, que causa a doença.
Embora o foco esteja limitado ao condomínio, a Vigilância em Saúde expandiu o raio de investigação do vetor na região e iniciou investigação no condomínio vizinho.

Os moradores do bairro onde está restrito o foco foram informados sobre as novas ocorrências e comunicados sobre providências já adotadas e ações que serão implementadas.

Doença
A Leishmaniose Visceral é considerada um grave problema de saúde pública no Brasil e as ocorrências têm que ser informadas às autoridades sanitárias rapidamente.
Os cães são sacrificados, mas em humanos a doença pode ser tratada. O SUS oferece tratamento específico e gratuito para a doença, feito com uso de medicamentos específicos, repouso e boa alimentação.
No Brasil, não há registro de transmissão direta de pessoa para pessoa.



quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

CFMV - Posicionamento sobre a Leishmaniose Visceral Canina



SISTEMA DE CONSELHOS FEDERAL E REGIONAIS DE MEDICINA VETERINÁRIA DIVULGA POSICIONAMENTO SOBRE A LEISHMANIOSE VISCERAL



CARTA DE BRASÍLIA

A Leishmaniose Visceral (LV) é uma zoonose cujo agente etiológico no Brasil é o protozoário Leishmania chagasi. Constitui-se uma enfermidade de evolução crônica transmitida aos seus hospedeiros através da picada de fêmeas de flebotomíneos, Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi, conhecido como mosquito-palha, birigui, asa delta e cangalhinha.

A LV acomete especialmente os cães, mas também raposas, gambás e secundariamente o homem. Associado a isso estudos vem apontando o risco de infecção também para felinos, roedores e equídeos. Entretanto, especificamente no ambiente doméstico de áreas urbanas e rurais, os cães são os principais reservatórios sendo considerado o principal elo da cadeia epidemiológica da doença. Tal afirmação se dá devido ao longo período de incubação da doença nos cães o que faz com que animais aparentemente sadios (assintomáticos) continuem mantendo ativa a cadeia de transmissão da doença. Por esta razão o tratamento dos cães não é permitido pelos órgãos públicos já que os fármacos atualmente empregados no tratamento da Leishmaniose visceral não eliminam o parasito do organismo do cão. Em razão disso e devido à íntima relação do cão com seus proprietários, manter um animal infectado em áreas receptivas para o vetor é um risco para a população - principalmente crianças, idosos e pessoas imunocomprometidas.

Um outro ponto importante da profilaxia da doença são as vacinas contra LV canina atualmente em comercialização, entretanto, para renovação de registro seus fabricantes tiveram que executar os estudos de Fase III para análise junto ao Ministério da Agricultura (MAPA) e Ministério da Saúde (MS) e no momento se aguarda a definição dos dois ministérios sobre a conclusão dessa análise. É importante também enfatizar que os fabricantes das vacinas precisam produzir antígenos que não interfiram nos resultados laboratoriais de inquéritos sorológicos, pois nesse caso o impasse continuará, já que não poderemos diferenciar cães vacinados de infectados e nesse contexto. Em face dessas informações, observa-se que o poder público tem investido de maneira fragmentada e descontinuada na profilaxia da LV deixando de considerar a associação das estratégias.

Assim, as questões relativas à LV devem ser tratadas pela transversalidade interinstitucional entre MAPA, MS, Ministério do Meio Ambiente, Ministério Público e Conselhos de Medicina Veterinária.

  • Revisão, interpretação e padronização dos testes diagnósticos, os quais devem ser licenciados pelo MAPA, em particular, a espécie a que se destine e purificação dos antígenos utilizados e a diluição padrão para determinar a positividade dos cães.
  •  Reavaliação e normatização da metodologia preconizada pelo MS para os inquéritos amostrais e censitários canino.
  •  Elaboração de protocolos e fomentar pesquisas referentes à biologia do vetor e o “possível” papel de outros flebotomíneos na cadeia de transmissão.
  •  Previsão orçamentária para estímulo às pesquisas de validação das atuais medidas de diagnóstico e controle de tratamento do cão com LV.
  •  Regularização do trânsito e comercialização de cães e gatos, pois como a capacidade de voo do vetor é restrita, a disseminação da doença se dá principalmente pela movimentação dos animais.
  •  Necessidade de controle populacional e da infecção por Leishmania em cães errantes e semi-domiciliados, sendo obrigatória a identificação dos animais com microchip.
  •  Adoção de estratégias para o combate da doença em novos reservatórios.
  • Cumprimento da notificação compulsória conforme determinação das normas vigentes.
  • Imediata liberação dos resultados finais das avaliações dos protocolos da Fase III das vacinas contra LV canina comercializadas no Brasil.
  •  Reavaliação e normatização das ações de eutanásia dos CCZs (UVZs), incluindo correto destino dos cadáveres.
  •  Aplicação do Código Sanitário Internacional.

Portanto, a elaboração de uma norma por si só não é capaz de mudar uma realidade, sendo necessário o aprimoramento de políticas públicas por meio diálogo entre os órgãos competentes envolvidos e integralização das ações em prol da Saúde Pública em todo seu contexto.

Até que se encontre um fármaco eficaz no tratamento da LV canina, a eutanásia continuará sendo a medida de controle preconizada para o reservatório canino, desde que tenha sido aplicado exames que não deixem duvidas quanto a positividade identificada.


Brasília, 15 de dezembro de 2010

Sistema CFMV/CRMVs
Sistema de Conselhos Federal e Regionais de Medicina Veterinária


Fonte: CFMV


Nota: 


Infelizmente a grande chance de mudar a vergonhosa realidade enfrentada no Brasil, em relação à leishmaniose, foi disperdiçada.

O Brasil é o único país no mundo que mata cães com leishmaniose.

O tratamento dos animais, com medicamentos de uso humanos e não registrados no MAPA (Ministério da Agricultura), é proibido. Não existem medicamentos de uso veterinário. O MAPA não fornece registro para medicamentos importados.

Um decreto federal, de 1963, determina que todos os cães com suspeita da doença devem ser mortos.

O índice de falso positivo no exame sorológico realizado nos animais chega a 48%.

No estado de São Paulo é proibido realizar exames de contra prova em animais cujo primeiro resultado diagnóstico acusou resultado positivo.